Arxius
Cap a Ítaca amb Sophia de Mello Breyner Andresen
.
.
.
.
Penélope
Desfaço durante a noite o meu caminho.
Tudo quanto teci não é verdade,
Mas tempo, para ocupar o tempo morto,
E cada dia me afasto e cada noite me aproximo.Sophia de Mello Breyner Andresen
Coral, 1950.
O Rei da Ítaca
A civilização em que estamos é tão errada que
Nela o pensamento se desligou da mãoUlisses rei da Ítaca carpinteirou seu barco
E gabava-se também de saber conduzir
Num campo a direito o sulco do aradoSophia de Mello Breyner Andresen
O Nome das Coisas, 1977.
Ítaca
Quan els llums de la nit es reflecteixen immòbils en les aigües verdes de Brindisi
Deixaràs el moll confús on s’agiten paraules passes rems i cabrestants
L’alegria estarà en tu encesa com un fruit
Aniràs a la proa entre els draps negres de la nit
Sense cap vent sense cap brisa només un murmurar de corn en el silenci
Però pel sobtat balanceig presentiràs els cables
Quan el vaixell rellisqui en la foscor tancada
Estaràs perduda en l’interior de la nit en la respiració del mar
Perquè aquesta és la vigília d’un segon naixement
.
El sol arran de mar et despertarà en l’intens blau
Pujaràs lentament com els ressuscitats
Hauràs recuperat el teu segell la teva saviesa inicial
Emergiràs confirmada i reunida
Espantada i jove com les estàtues arcaiques
Amb els gestos embolicats en els doblecs del teu mantell.Sophia de Mello Breyner Andresen
(Trad. Ponç Pons)
Font: Mag Poesia.
.
Vegeu: MERCÈ RODOREDA E SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN: DUE ROTTE VERSO ITACA, Catarina Nunes de Almeida. Jornades Mercè Rodoreda a la Toscana = Giornate Mercè Rodoreda in Toscana. Pisa, Venerdí 4 e sabato 5 aprile 2008 / a cura di Giovanna Fiordaliso, Monica Lupetti; presentazione Giuseppe Grilli ; (pàgines 113-117)
.
.
.
Els noms d’Odisseu: Naide, Nadie, Ningú, Personne, Nissun, Nessuno, Ninguno, Degun, Ninguém, Nimeni, Nisciunu, …
.
.
Asturià
«Á Ciclope, el mio nome famosu entrugéstime; agora
vo dicételu yo; tu’l regalu dame qu’ufiertesti.
Naide ye’l nome mio, Naide ye como só conociu
por mio ma y por mio pá y ente tolos demás compañeros».
.
Traducció de Xosé Gago
.
.
Castellà
»”Cíclope, ¿me preguntas mi ilustre nombre? Pues voy a decírtelo. Mi nombre es Nadie. Nadie me llaman siempre mi madre, mi padre y todos mis camaradas”.
.
Traducció de Carlos García Gual
.
.
.
.
Català
.
»—Cíclop, ¿em preguntes l’il·lustre nom? Vaig a dir-te’l.
Tu, però, fes-me el present que tanmateix, com a hoste,
m’has promès. Doncs em dic Ningú, i Ningú m’anomenen,
sí, la mare i el pare i la colla que m’acompanya.
.
Traducció de Carles Riba
.
.
.
Francès
Ulysse. — Tu veux savoir mon nom le plus connu, Cyclope? je m’en vais te le dire; mais tu me donneras le présent annoncé. C’est Personne, mon nom : oui ! mon père et ma mère et tous mes compagnons m’ont surnommé Personne.
.
Traducció de Victor Bérard
.
.
.
.
Furlà (Friulès)
“Tu mi dimandis, Ciclop, / il non famôs e jo ben
tal disarai: tu âs di dâmi / il regâl che tu âs prometût.
“Nissun” al è il gno non: / Nissun a mi mi clamin
e la mari e il pari / e ducj chei altris compagns”.
.
Traducció d’Alessandro Carrozzo i Pierluigo Visintin
.
.
Italià
Dunque, o Ciclope, il mio nome tu chiedi?
Il mio nome io dirò; ma tu poi dammi
Il presente ospital che m’hai promesso.
Nessuno ho nome; me la madre e il padre,
E me Nessuno chiamano gli amici.
.
Traducció de Paolo Maspero
.
.
Ladino
“Kiklop, mi nombre famozo kual es demandates? Al punto
te lo dire, i tu dame el dono segun tu prometa.
A mi me yaman Ninguno; Ninguno me yama mi madre,
dito mi padre, i de mizmo todos mis otros kompanyeros.”
.
Traducció de Moshe ‘Ha-Elion
.
.
Occità
—Uiard, me demandes moun noum famous. Te lou dirai, e me faras la douno d’oste que m’as proumesso. Me dison Degun. Moun paire, ma maire, mi coumpan, tóuti me dison Degun.
.
Traducció Charloun Riéu
.
.
.
.
Portuguès
‘Ó Ciclope, pregustaste como é o meu nome famoso. Vou dizer-to,
e tu dá-me o presente de hospitalidade que prometeste.
Ninguém é como me chamo. Ninguém chamam-me
a minha mãe, o meu pai, e todos os meus companheiros.’
.
Traducció de Frederico Lourenço
.
.
Romanès
“O, tu, Cyclopule, de mã întrebi de vestitul meu nume,
Am sã ti-l spun : iar tu catã-mi un dar, precum fãgãduit-ai!
‘Nimeni‘ mã cheamã : doar ‘Nimeni‘ îmi spuserã si mã alintã
Mama si tatãl meu drag, tot la fel ca si ceilalti tovarãsi!”
.
Traducció de Dan Slusanschi
.
.
Sard:
[…] —Su nomen cherias,
o Ciclope? Però cheret chi sias
cun su ch’as nadu insara puntuale!
Nisciunu babbu e mama m’an giamadu,
Nisciunu amigos cun su parentadu!—
.
Versió d’Antoninu Rubattu
.
.
.
.
Volume I – Cantos I – XII
Versión asturiana de Xosé Gago.
Trabe. Uviéu, 2007
ISBN: 9788480534727
.
.
Odisea.
Versión y prólogo de Carlos García Gual.
Alizanza Editorial. Madrid, 2004.
ISBN: 9788420677507
.
.
L’Odissea. Novament traslladada en versos catalans per
Carles Riba
Editorial Alpha
Barcelona, 1953.
.
.
«Poésie homérique»
Texte établi et traduit par Victor Bérard
Société d¡Édition «Les Belles Lettres»
Paris, 1924
.
.
Traduzion di Alessandro Carrozzo /
Pierluigi Visintin
Kappa Vu. Udine, Friül, 2006
ISBN: 9788889808313
.
.
Tradotta da Paolo Maspero
Illustrata da Fanoli e Cenni
Quarta edizione
R. Stabilimento Musicale Ricordi.
Milano, 1880
.
.
La Odisea (Kantes I-XII)
Trezladada en ladino del grego antiguo por
Moshe ‘Ha-Elion
Yeriot. Maale Adumim, Israel, 2011
.
.
d’Oumèro
Revirado au provençau pèr Charloun Riéu
Encò de P. Ruat
Marsiho (Marsella), 1907
.
.
Odisseia.
Traduçao do grego e introdução de Frederico Lourenço
Edições Cotovia. Lisboa, 2003.
ISBN: 9789727952502
.
.
Odysseia
Traducere in hexametri de Dan Slusanschi
Editura Paideia. Bucaresti, 2009
ISBN: 9789735965020
.
.
Bortado in limba sarda dae Antoninu Rubattu
Domus de Janas
Selargius (Sardigna), 2005
ISBN: 8888569199
.
.
.
Eugénio de Andrade, de Passeio Alegre a l’illa d’Ulisses
.
.
.
Passeio Alegre
.

Palmeres al Passeio Alegre, de Porto
Foto: Margarida Bico, a Panoramio
Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses tería comparado
a Nausícaa, mas só
no jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafíam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis — assim nuas.
.
Eugénio de Andrade
Rente ao dizer
.
.
Passeio Alegre
Arribaren tard a la meva vida
les palmeres. A Marràqueix en vaig veure una
que Ulisses havia comparat
a Nausica, però sols
al jardí de Passeio Alegre
vaig començar a estimar-les. Són altes
com els mariners d’Homer.
Davant la mar desafien els vents.
vinguts del nord i del sud,
de l’est i de l’oest,
per a doblegar-les per la cintura.
Invulnerables —així nues.
.
Versió de Xulio Ricardo Trigo i Júlia Cortès Ortega
.
.
.
A ILHA
.Tanta palavra para chegar a ti,
tanta palavra,
sem nenhuma alcançar
entre as ruínas
do delirio a ilha,
sempre mudando
de forma, de lugar, estremecida
chama, preguiçosa
vaga fugidia
do mar de Ulisses cor de vinho.
.
Eugénio de Andrade
Oficio de paciéncia
.
.
L’ILLA
Tanta paraula per arribar a tu,
tanta paraula,
sense assolir-ne cap
entre les runes
del deliri l’illa,
sempre canviant
de forma, de lloc, estremida
flama, peresosa
ona fugissera
de la mar d’Ulisses color de vi.
.
Traducció d’Antoni Xumet Rosselló
.
.
.
Ofici de paciència
Traducció d’Antoni Xumet Rosselló
Trucs i baldufes, 24
El Gall Editor. Pollença, 2008
ISBN: 9788496608818
.
.
Ran del Dir
Versió de Xulio Ricardo Trigo
i Júlia Cortès Ortega
Biblioteca de la Suda, 8
Pagès Editors. Lleida, 1994
ISBN: 9788479351878
.
.
.
Paulo Leminski anava a ser Homer
.
.
.
um dia
a gente ia ser homero
a obra nada menos que uma ilíada
depois
a barra pesando
dava pra ser aí um rimbaud
um ungaretti um fernando pessoa qualquer
um lorca um éluard um ginsberg
por fim
acabamos o pequeno poeta de província
que sempre fomos
por trás de tantas máscaras
que o tempo tratou como a flores
.
Paulo Leminski
.
.
un día
uno iba a ser homero
la obra nada menos que una ilíada
después
las cosas complicándose
se podía ser un rimbaud
un ungaretti un fernando pessoa cualquiera
un lorca un éluard un ginsberg
al final
terminamos el pequeño poeta de provincia
que siempre fuimos
detrás de tantas máscaras
que el tiempo trató como a flores
.
Traducció d’Aníbal Cristobo
.
.
.
Yo iba a ser Homero
Antología poética bilingüe
Selección y traducción de Aníbal Cristobo
kriller 71 ediciones. 2013
ISBN: 9788494041426
.
.
.
Eugénio de Andrade. Príam i Aquil·les
.
.
.
E o único que me restava, ele que sozinho defendia a cidade e o povo,
esse tu mataste quando ele lutava para defender a pátria:
Heitor. Por causa dele venho às naus dos Aqueus
para te suplicar; e trago incontáveis riquezas.
Respeita os deuses, ó Aquiles, e tem pena de mim,
lembrando-te do teu pai. Eu sou mais desgraçado que ele,
e aguentei o que nehun outro trerrestre mortal aguentou,
pois levei à boca a mão do homem que me matou o filho.
.
Ilíada, XXIV, 499-506
Tradução de Federico Lourenço
.
.
.
.
À sombra de Homero
.
E mortal este Agosto – o seu ardorsobe os degraus todos da noite,não me deixa dormir.Abro o livro sempre à mão na suplicade Príamo – mas quandoo impetuoso Aquiles ordena ao velhorei que não lhe atormente maiso coração, paro de ler.A manhã tardava. Como dormirà sombra atormentadade um velho no limiar da morte?,ou com as palavras de Aquiles,na alma, pelo amigoa quem dera há pouco sepultura?Como dormir às portas da velhicecom esse peso sobre o coração?.José Fontinhas [Eugénio de Andrade]
(Póvoa de Atalaya, Beira Baixa, 1923 – Oporto, 2005)Eugénio de AndradeO sal da lingua.
Calipso es lamenta. José Miguel Silva
.
.
.
Lamento de Calipso
.
Primeiro foi o bule,
de seguida foi a asa.
Que mais irás quebrar.
Não sei o que fazer com o teu sim,
o teu não, o teu
passa-me o açúcar.
A distância dos teus olhos não a sei
abreviar, o latido dos teus sonhos
não me deixa adormecer.
Gostava de te amar um pouco menos,
de voltar ao meu rebanho
de feridas e sopores,
regressar ao rijo barro dos Domingos
em que não te conhecia,
ao supor de suas tardes
Quando ainda não sabia
da dureza do cimento, nem dos modos
de quebrar e ser quebrado.
José Miguel Silva
Ulisses já não mora aqui
.
.
.
Cantemos Muza com sonora Lira do filho de Peleo a horrivel sanha…
.
.
.
Cantemos Muza com sonora Lira
Do Filho de Peleo a horrivel sanha,
Esta sanha, nociva e formidavel,
Qu’os Gregos mutivou tantas desgraças,
E que la de Plutão no escuro alvergue
Dos Heroes sepelio infindas almas
Seos corpos entregando aos cãens em preza,
E as carniceiras aves de rapina.
Depois do fatal dia qu’a Discordia
Levantou o aspecto tenebrozo
Entre o filho de Atreo, e o forte Achilles.
.
Ilíada, Cant I, 1-7
.
.
Traducció al portuguès atribuida a Jerónimo Osório (Lisboa, 1506 – Tavira, 20 d’agost de 1580)
.
.
Illíada do Divino Homero
Passada em Lingoagem Portuguez, por D. Hyeronimo Ossorio
Bispo de Silves
Copia antiga e fiel, de hum MSS. que existia no Cartorio
da mesma Cidade, no Algarve
Anno
de
1527
.
.
.
D. Jerónimo Osório. Tradutor da Ilíada?
Instituto Nacional de Investigação Científica
Biblioteca Euphrosyne, 11
Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa
Lisboa, 1991.
.
.
.
Finismundo, d’ Haroldo de Campos. Ulisses traspassa el límit.
.
..
.
finismundo: a última viagem
.
.
…per voler veder trapassò il segno
.
I.
.
Último
Odisseu multi-
ardiloso —no extremo
Avernotenso límite —re-
propõe a viagem.
Onde de Hércules
as vigilantes colunas à onda
escarmentam: vedando mais um
passo —onde passar avante quer
dizer trans-
gredir a medida as si-
gilosas siglas do Não.
Onde
a desmesura húbris-propensa ad-
verte: não
ao nauta —Odisseu (
branca erigindo a capitânea
cabeça ao alvo endereçada) pre-
medita: trans-
passar o passo: o impasse-
-a-ser: enigma
resolto ( se afinal ) em
finas carenas
de ensafirado desdém —ousar.
Ousar o mais:
o além-retorno o após: im-
previsto filame na teia de Penélope.
Ousar
desmemoriado de Ítaca — o
além-memória — o
revés: Ítaca ao avesso:
a não pacificada
vigília do guerreiro — no lugar
da ventura o aventuroso
deslugar il folle volo.
Tentar o não tentado —
expatriado esconjuro aos deuses-lares
Re-
incidir na partida. Ousar —
húbris-propulso — o mar
atrás do mar. O ínvio-obscuro
caos pelaginoso
até onde se esconde a proibida
geografia do Éden — Paradiso
terreno: o umbráculo interdito:
a lucarna: por ali
istmo extremo ínsula
se tem acceso ao céu
terrestre ao transfinito.
Odisseus senescendo
rechaça a pervasiva — capitoso
regaço de Penélope —
consolação da paz. Quilha nas ondas
sulca mais uma vez (qual nunca antes)
o irado
espelho de Poséidon: o cor-de-vinho
coraçao do maroceano.
Destino: o desatino
o não mapeado.
Finismundo: alí
onde comença a infranqueada
fronteira do extracéu.
.
Assim:
partir o lacre ao proibido: des-
virginar o véu. Lance
los lances. Irremissa
missão voraginosa.
Ele foi —
Odisseu.
Não conta a lenda antiga
do Polúmetis o fado demasiado.
Ou se conta
desvaira variando: infinda o fim.
Odisseu foi. Perdeu os companheiros.
À beira-vista
da ínsula ansiada — vendo já
o alcançável Éden ao quase
toque da mão: os deuses conspiraram.
O céu suscita os escarcéus do arcano.
A nave repelida
abisma-se soprada de destino.
Odisseu não aporta.
Efêmeros sinais no torbelinho
acusam-lhe o naufrágio —
instam mas declinam
sossobrados no instante.
Água só. Rasuras.
E o fado esfaimando. Última
thánatos eks halós
morte que provém do mar salino
húbris.
Odisseu senescente
da glória recusou a pompa fúnebre.
Só um sulco
cicatriza no peito de Poséidon.
Clausurou-se o ponto. O redondo
oceano ressona taciturno.
Serena agora o canto convulsivo
o doceamargo pranto das sereias
( ultrassom incaptado a ouvido humano ).
.
.
.
… ma l’un di voi dica
dove per lui perduto a morir gisse
.
.
2.
.
Urbano Ulisses
sobrevivido ao mito
( eu e Você meu hipo-
côndrico crítico
leitor ) — civil
factótum (polúmetis? )
do acaso computadorizado. Teu
epitáfio? Margem de erro: traço
mínimo digitado
e à pressa cancelado
no líquido cristal verdefluente.
Périplo?
Não há. Viguiam-te os semáforos.
Teu fogo prometéico se resume
à cabeça de um fósforo — Lúcifer
portátil e/ou
ninharia flamífera.
Capitula
( cabeça fria )
tua húbris. Nem sinal
de sereias.
Penúltima — é o máximo a que aspira
tua penúria de última
Tule. Um postal do Edén
com isso te contentas.
.
Açuladas sirenes
cortam teu coração cotidiano.
.
.
Haroldo de Campos
.
.
.
.
.
.
Versió en anglès (fragment)
.
Finismundo: The Last Voyage
…per voler veder traspasó il segno.
…because he wished to see, he trespassed the sign
.
.
I
.
.
Ultimate
Odysseus multi-
artful —in the extreme
Avernotense limit —re-
proposes a voyage.
Where, from Hercules
vigilant columns the wave
castigate: veering off one more
step —where to go a-
head means to trans-
gress the mesure the si-
lent sigils of Fate.
.
Where
the unbound hubris-prone ad-
vises: Not!
to the Naut —Odysseus (
pale erecting the captaining
head to the goal addressed ) pre-
meditates trans-
pass the pass-
age: the impasse-
to-be: enigma
solved (if at last) in
thin hulls of
(in)sapphire(d) airs —defy.
Defy most:
the beyond-return the post : un-
foreseen thread in Penelope’s web.
..
Defy
(un)memory(able) man of Ithaca —that
beyond-memory —the re-
verse: Ithaca reversed:
nonpacified
vigil of the warrior in place of
the venture the adventurous
(dis)place il folle volo.
Try the untried
you expatriate —damned to the gods-lares.
To re-
iterate in leaving. Defy —
hubris-propelled —sea
after sea. The impervious-obscure
Pelasgian chaos
up to where is hidden the forbidden
geography of Eden— Paradiso
on Earth: the interdicted portal:
the lucerne over there
isthmus extreme isle
open access to terrestrial
heaven: to transfinite.
.
.
Haroldo de Campos
Finismundo (fragment)
Traducció d’Antonio Sergio Bessa
..
.
..
.
Versió en castellà (fragment, continuació de l’anterior)
..
finismundo: el último viaje (cont.).
.
.
Odiseo encanece
rechaza el evasivo — oloroso
regazo de Penélope —
consuelo de la paz. Quila en las ondas
surca otra vez (cual nunca antes)
el airado
espejo de Poseidón: el marocéano
corazón vinoso.
Destino: el desatino
el no mapeado
Finismundo: allí
donde comienza la infranqueada
frontera: el extracielo.
.
Así:
romper el lacre a lo prohibido: des-
virgar el velo. Lance
de los lances. Irremisa
misión vertiginosa.
Él fue —
Odiseo.
No cuenta la leyenda antigua
de Polúmetis el hado demasiado.
O si cuenta
desvaría variando: finta al fin.
Odiseo fue. Perdió a los compañeros.
Al borde de la vista
de la ínsula ansiada — viendo ya
el alcanzable Edén casi a
la mano: los dioses conspiraron.
Suscita el cielo escarceos de lo más hondo.
La nave repelida
se abisma soplada de destino.
Odiseo no arriba.
Efímeras señales en el vórtice
le acusan el naufragio —
instan pero declinan
en el instante zozobradas.
Agua sólo. Raeduras.
Y el hado hambreando. Última
thánatos eks halós
muerte que proviene del mar salino
hybris.
Odiseo senescente
rechazó de la gloria el fasto fúnebre.
Sólo un surco
cicatriza en el pecho de Poseidón.
Cerróse el ponto. El redondo
océano resuena taciturno.
Serena ahora el canto convulsivo
el dulceamargo llanto de sirenas
( ultrasonido incaptado a oído humano ).
.
.
Haroldo de Campos
Finismundo
Versió en castellà d’Andrés Sánchez Robayna
.
.
.
.
Versió en català (a càrrec del blog PALUMBUS COLUMBUS )
.
.
finismon: el darrer viatge
.
. … ma un di voi dica
dove per lui perduto a morir gisse
.
.
2
.
Urbà Ulisses
sobreviscut al mite
(jo i Tu mon hipo-
condríac crític
lector) — civil
factòtum (¿polúmetis?)
de l’atzar computeritzat. Ton
epitafi? Marge d’error: traç
mínim digitat
i de pressa cancel·lat
en líquid vidre verdfluent.
¿Periple?
No n’hi ha. T’espien los semàfors.
El teu foc prometeic es resumeix
en la punta d’un misto. — Lucifer
portàtil i/o
bajanada flamígera.
Capitula
(cap fred)
la teua hybris. Ni senyal
de nereides.
Penúltima — és al que més aspira
la teua penúria d’última
Tule. Una postal de l’Edèn
amb aixo t’acontentes.
.
Aquissades sirenes
tallen lo teu cor quotidià.
.
Haroldo de Campos
Finismundo (2)
Versió en català inclosa en el blog PALUMBUS COLUMBUS
.
.
.
.
haroldo de campos
Edited and with an introduction by
Antonio Sergio Bessa and Odile Cisneros
Foreword by Roland Greene
Northwestern University Press. Evanston, Illinois, 2007
ISBN: 978081012030
.
.
Crisantiempo (inclou finismundo).
Traducción y prólogo.
de Andrés Sánches Robayna
Acantilado, 127
Quaderns Crema. Barcelona, 2006
ISBN: 9788496489448
.
.
.
VERSIÓ CATALANA:
finismón: l’últim viatge, al blog PALUMBUS COLUMBUS
.
.
.
.
HAROLDO DE CAMPOS LLEGEIX FINISMUNDO:
.
.
.
Vegeu l’article: HAROLDO DE CAMPOS: A HÝBRIS DE UM VIAJANTE
.
.
.
.
.
A ira, Deusa, celebra do Peleio Aquilles (Iliada. Trad. Haroldo de Campos)
.
.
A ira. Deusa, celebra do Peleio Aquiles,
o irado desvario, que aos Aqueus tantas penas
trouxe, e incontáveis almas arrojou no Hades
de valentes, de heróis, espólio para os cães,
pasto de aves rapaces: fez-se a lei de Zeus;
desde que por primeiro discórdia apartou
o Atreide, chefe de homens, e o divino Aquiles.
.
Iliada, I, 1-7
.
.
Traducció de Haroldo de Campos
.
.
Traduçao de Haroldo de Campos
Benvirá
Ed. Saraiva. São Paulo, Brasil, 2002
ISBN: 9788575810217
.
.
.
La mitologia de José Saramago
.
.
.
MITOLOGIA
.
.
Os deuses, noutros tempos, eram nossos
Porque entre nós amavam. Afrodite
Ao pastor se entregava sob os ramos
Que os ciúmes de Hefesto iludiam.
.
Da plumagem do cisne as mãos de Leda,
O seu peito mortal, o seu regaço,
A semente de Zeus, dóceis, colhiam.
.
Entre o céu e a terra, presidindo
Aos amores de humanos e divinos,
O sorriso de Apolo refulgia.
.
Quando castos os deuses se tornaram,
O grande Pã morreu, e órfãos dele,
Os homens não souberam e pecaream.
.José Saramago
.
.
.
MITOLOGIA
.
.
Pan amb tres Nimfes (Relleu votiu. Circa 330 aC. Trobat a Megalòpolis o Esparta. Atenes, Museu Arqueològic Nacional, n. 1449)
Els déus, en altres temps, eren nostres
perquè entre nosaltres estimaven. Afrodita
al pastor es lliurava sota les branques
que la gelosia d’Hefest ensarronaven.
.
Del plumatge del cigne a les mans de Leda,
el seu pit mortal, la seva falda,
la llavor de Zeus, dòcils, collien.
.
Entre el cel i la terra, presidint
els amors d’humans i divins,
el somriure d’Apol·lo refulgia.
.
Quan castos els déus es tornaren,
el gran Pan es morí, i orfes d’ell,
els homes no ho saberen i pecaren.
.
.
José Saramago
(traducció de Josep Domènech)
.
.
.
José Saramago
Els poemes possibles
Traducció de Josep Domènech
Edició bilingüe
Col. Poesia, 98
Edicions 62. Barcelona, 2005.
ISBN: 9788429755336
.
.