Finismundo, d’ Haroldo de Campos. Ulisses traspassa el límit.
.
..
.
finismundo: a última viagem
.
.
…per voler veder trapassò il segno
.
I.
.
Último
Odisseu multi-
ardiloso —no extremo
Avernotenso límite —re-
propõe a viagem.
Onde de Hércules
as vigilantes colunas à onda
escarmentam: vedando mais um
passo —onde passar avante quer
dizer trans-
gredir a medida as si-
gilosas siglas do Não.
Onde
a desmesura húbris-propensa ad-
verte: não
ao nauta —Odisseu (
branca erigindo a capitânea
cabeça ao alvo endereçada) pre-
medita: trans-
passar o passo: o impasse-
-a-ser: enigma
resolto ( se afinal ) em
finas carenas
de ensafirado desdém —ousar.
Ousar o mais:
o além-retorno o após: im-
previsto filame na teia de Penélope.
Ousar
desmemoriado de Ítaca — o
além-memória — o
revés: Ítaca ao avesso:
a não pacificada
vigília do guerreiro — no lugar
da ventura o aventuroso
deslugar il folle volo.
Tentar o não tentado —
expatriado esconjuro aos deuses-lares
Re-
incidir na partida. Ousar —
húbris-propulso — o mar
atrás do mar. O ínvio-obscuro
caos pelaginoso
até onde se esconde a proibida
geografia do Éden — Paradiso
terreno: o umbráculo interdito:
a lucarna: por ali
istmo extremo ínsula
se tem acceso ao céu
terrestre ao transfinito.
Odisseus senescendo
rechaça a pervasiva — capitoso
regaço de Penélope —
consolação da paz. Quilha nas ondas
sulca mais uma vez (qual nunca antes)
o irado
espelho de Poséidon: o cor-de-vinho
coraçao do maroceano.
Destino: o desatino
o não mapeado.
Finismundo: alí
onde comença a infranqueada
fronteira do extracéu.
.
Assim:
partir o lacre ao proibido: des-
virginar o véu. Lance
los lances. Irremissa
missão voraginosa.
Ele foi —
Odisseu.
Não conta a lenda antiga
do Polúmetis o fado demasiado.
Ou se conta
desvaira variando: infinda o fim.
Odisseu foi. Perdeu os companheiros.
À beira-vista
da ínsula ansiada — vendo já
o alcançável Éden ao quase
toque da mão: os deuses conspiraram.
O céu suscita os escarcéus do arcano.
A nave repelida
abisma-se soprada de destino.
Odisseu não aporta.
Efêmeros sinais no torbelinho
acusam-lhe o naufrágio —
instam mas declinam
sossobrados no instante.
Água só. Rasuras.
E o fado esfaimando. Última
thánatos eks halós
morte que provém do mar salino
húbris.
Odisseu senescente
da glória recusou a pompa fúnebre.
Só um sulco
cicatriza no peito de Poséidon.
Clausurou-se o ponto. O redondo
oceano ressona taciturno.
Serena agora o canto convulsivo
o doceamargo pranto das sereias
( ultrassom incaptado a ouvido humano ).
.
.
.
… ma l’un di voi dica
dove per lui perduto a morir gisse
.
.
2.
.
Urbano Ulisses
sobrevivido ao mito
( eu e Você meu hipo-
côndrico crítico
leitor ) — civil
factótum (polúmetis? )
do acaso computadorizado. Teu
epitáfio? Margem de erro: traço
mínimo digitado
e à pressa cancelado
no líquido cristal verdefluente.
Périplo?
Não há. Viguiam-te os semáforos.
Teu fogo prometéico se resume
à cabeça de um fósforo — Lúcifer
portátil e/ou
ninharia flamífera.
Capitula
( cabeça fria )
tua húbris. Nem sinal
de sereias.
Penúltima — é o máximo a que aspira
tua penúria de última
Tule. Um postal do Edén
com isso te contentas.
.
Açuladas sirenes
cortam teu coração cotidiano.
.
.
Haroldo de Campos
.
.
.
.
.
.
Versió en anglès (fragment)
.
Finismundo: The Last Voyage
…per voler veder traspasó il segno.
…because he wished to see, he trespassed the sign
.
.
I
.
.
Ultimate
Odysseus multi-
artful —in the extreme
Avernotense limit —re-
proposes a voyage.
Where, from Hercules
vigilant columns the wave
castigate: veering off one more
step —where to go a-
head means to trans-
gress the mesure the si-
lent sigils of Fate.
.
Where
the unbound hubris-prone ad-
vises: Not!
to the Naut —Odysseus (
pale erecting the captaining
head to the goal addressed ) pre-
meditates trans-
pass the pass-
age: the impasse-
to-be: enigma
solved (if at last) in
thin hulls of
(in)sapphire(d) airs —defy.
Defy most:
the beyond-return the post : un-
foreseen thread in Penelope’s web.
..
Defy
(un)memory(able) man of Ithaca —that
beyond-memory —the re-
verse: Ithaca reversed:
nonpacified
vigil of the warrior in place of
the venture the adventurous
(dis)place il folle volo.
Try the untried
you expatriate —damned to the gods-lares.
To re-
iterate in leaving. Defy —
hubris-propelled —sea
after sea. The impervious-obscure
Pelasgian chaos
up to where is hidden the forbidden
geography of Eden— Paradiso
on Earth: the interdicted portal:
the lucerne over there
isthmus extreme isle
open access to terrestrial
heaven: to transfinite.
.
.
Haroldo de Campos
Finismundo (fragment)
Traducció d’Antonio Sergio Bessa
..
.
..
.
Versió en castellà (fragment, continuació de l’anterior)
..
finismundo: el último viaje (cont.).
.
.
Odiseo encanece
rechaza el evasivo — oloroso
regazo de Penélope —
consuelo de la paz. Quila en las ondas
surca otra vez (cual nunca antes)
el airado
espejo de Poseidón: el marocéano
corazón vinoso.
Destino: el desatino
el no mapeado
Finismundo: allí
donde comienza la infranqueada
frontera: el extracielo.
.
Así:
romper el lacre a lo prohibido: des-
virgar el velo. Lance
de los lances. Irremisa
misión vertiginosa.
Él fue —
Odiseo.
No cuenta la leyenda antigua
de Polúmetis el hado demasiado.
O si cuenta
desvaría variando: finta al fin.
Odiseo fue. Perdió a los compañeros.
Al borde de la vista
de la ínsula ansiada — viendo ya
el alcanzable Edén casi a
la mano: los dioses conspiraron.
Suscita el cielo escarceos de lo más hondo.
La nave repelida
se abisma soplada de destino.
Odiseo no arriba.
Efímeras señales en el vórtice
le acusan el naufragio —
instan pero declinan
en el instante zozobradas.
Agua sólo. Raeduras.
Y el hado hambreando. Última
thánatos eks halós
muerte que proviene del mar salino
hybris.
Odiseo senescente
rechazó de la gloria el fasto fúnebre.
Sólo un surco
cicatriza en el pecho de Poseidón.
Cerróse el ponto. El redondo
océano resuena taciturno.
Serena ahora el canto convulsivo
el dulceamargo llanto de sirenas
( ultrasonido incaptado a oído humano ).
.
.
Haroldo de Campos
Finismundo
Versió en castellà d’Andrés Sánchez Robayna
.
.
.
.
Versió en català (a càrrec del blog PALUMBUS COLUMBUS )
.
.
finismon: el darrer viatge
.
. … ma un di voi dica
dove per lui perduto a morir gisse
.
.
2
.
Urbà Ulisses
sobreviscut al mite
(jo i Tu mon hipo-
condríac crític
lector) — civil
factòtum (¿polúmetis?)
de l’atzar computeritzat. Ton
epitafi? Marge d’error: traç
mínim digitat
i de pressa cancel·lat
en líquid vidre verdfluent.
¿Periple?
No n’hi ha. T’espien los semàfors.
El teu foc prometeic es resumeix
en la punta d’un misto. — Lucifer
portàtil i/o
bajanada flamígera.
Capitula
(cap fred)
la teua hybris. Ni senyal
de nereides.
Penúltima — és al que més aspira
la teua penúria d’última
Tule. Una postal de l’Edèn
amb aixo t’acontentes.
.
Aquissades sirenes
tallen lo teu cor quotidià.
.
Haroldo de Campos
Finismundo (2)
Versió en català inclosa en el blog PALUMBUS COLUMBUS
.
.
.
.
haroldo de campos
Edited and with an introduction by
Antonio Sergio Bessa and Odile Cisneros
Foreword by Roland Greene
Northwestern University Press. Evanston, Illinois, 2007
ISBN: 978081012030
.
.
Crisantiempo (inclou finismundo).
Traducción y prólogo.
de Andrés Sánches Robayna
Acantilado, 127
Quaderns Crema. Barcelona, 2006
ISBN: 9788496489448
.
.
.
VERSIÓ CATALANA:
finismón: l’últim viatge, al blog PALUMBUS COLUMBUS
.
.
.
.
HAROLDO DE CAMPOS LLEGEIX FINISMUNDO:
.
.
.
Vegeu l’article: HAROLDO DE CAMPOS: A HÝBRIS DE UM VIAJANTE
.
.
.
.
.